O perfume por engano....


Por Maria da Penha Vieira

O que na verdade buscavam os cientistas era descobrir como acontecia a renovação do ar, ou melhor, a purificação do ar. Mas muito faltava até as descobertas da microbiologia. Descobrir a existência e o funcionamento dos microorganismos era a chave. Ainda depois da descoberta de Priestley, acreditava-se, que os arômatas purificavam os ambientes e tomavam o lugar os miasmas e do mau cheiro, pois mesmo hoje, as descobertas, comprovadas, não chegam tão rápido.

A proliferação de arômatas e, consequentemente, por perfumistas, que contribuíam para a intensidade olfativa do meio ambiente. Era a " função terapêutica " dos odores que vinham somar valor estético. Havia um grande equívoco nessa evolução pois os aromas, como era pretendido, não neutralizavam as bactérias causadoras dos maus odores, como se pensava. Era uso na época, as recomendações médicas de queimar pastilhas perfumadas em incensório ou usar perfume de prazer para refazer o ar pestilento. Até porque muitos odores, insuportáveis, tinham valor terapêuticos na farmacopéia. É reconhecido que tais procedimentos tinham ligação direta com as raízes das crenças da Antigüidade, em referência a Hipócrates, Galeno e a Criton, cuja terapêutica estava fundamentada no emprego dos aromas.

À época o anti-séptico, capaz de neutralizar os odores dos estados de putrefação começavam a ser buscados entre os corpos voláteis quentes, oleosos, aromáticos capazes de fornecerem saídas pelas quais deveria circular o espírito balsâmico. O arômata passa a ter importância sanitária da maior relevância, pois ele buscava o caminho vital para a renovação dos ares e inibição dos fedores, tal como Hipócrates que combatia a peste através dos odores. Tanto os sintomas quanto a cura beseavam-se na olfação. Pensou-se.

Segundo a teoria de Lémery, mecanicista, que propõe a receita de "bálsamos apopléticos",

o cérebro explicava a rapidez e o poder de ação dos odores inalados. " muito odorantes, partindo da premissa de que o que é agradável ao nariz, estando composto de partes voláteis sutis e penetrantes que atingem não somente o nervo olfatório mas também se expandem em todo o cérebro, pode rarefazer sua pituíta e os demais humores por demais grosseiros, aumentando o movimento dos espíritos animais.

Ainda para Lémery, os odores exercem uma ação mecânica sobre o organismo.

Inalados pela vias olfativas ou insuflados pela vagina, os eflúvios aromáticos provocam ou "rebatem os vapores" da matriz. Pretende-se que a gineta, o almíscar e o âmbar cinza, sendo aplicados no umbigo e na direção da matriz, atraem, por seu bom cheiro, a matriz para baixo e a recolocam em seu estado natural quando é exitada a tempo por vapores e por sufocamentos, do mesmo modo que esses mesmos odores a fazem mexer e se erguer quando são recebidos pelo nariz.

Para outros cientistas, a mirra, a cânfora, a serpentária, as flores de camomila e a quina revelam-se os mais eficazes anti-sépticos. Também é recomendado o vinagre canforado ou odorantes resinosos. Há unanimidade entre os médicos ingleses e franceses.

A tradição mandava que, em épocas de epidemia as pessoas portassem arômatas, tais como uma esponja embebida em vinagre ou limão espetado com cravos da índia, ou uma bola odorante, que se deveria cheirar, de tempos em tempos. Muitas recomendações para sachês compostos de arruda, erva cidreira, manjerona, serpilho, lavanda, folhas de louro, casaca de laranja, de limão e marmelo. Tê-los sempre nos aposentos em épocas de flagelo.

O equívoco da liberação dos arômatas ficou por conta de que, ao contrário do que pensavam os químicos, o ar não se renovava pelo movimento dele próprio, nem se transformava ar renovado pelo simples uso dos arômatas e/ou fumigação. A teorização ficou com Guyton de Morveau que desqualificou o uso dos arômatas e fumigações quando afirmou que não eram desinfetante, pois eles não provocavam nenhuma melhoria na qualidade do ar.

Neste momento, a comunidade científica endossa a opinião de Morveau e alguém foi mais além. Chaptal: "as fumigações de incenso etc., que comumente se usam, só servem para mascarar o mau cheiro."

Saúde sanitária..

Os caminhos percorridos pelos perfumes não foram tão fáceis como se possa supor. Como todas as descobertas, uma vai dependendo da outra para firmar-se. O perfume que passou das poções mágicas — onde viveu por muitos milênios —, passou à curativas; no Ocidente, teve caminhos incertos ao sabor das especulações e pesquisas empíricas dos primórdios da Saúde Sanitária, quando o olfato teve seu reconhecimento como um dos sentidos importantes — até encontrar — por um brevíssimo e oscilante espaço de tempo — respaldo através das primeiras e titubeantes descobertas na Química.

As descobertas científicas, na química, sobre o ar, do inglês Joseph Priestley ( descoberta primeira, que posteriormente, foi apresentada ao eminente químico francês Lavoisier ) desenvolvidas por Antoine Laurent Lavoisier ( pneumáticas, ligadas à respiração, à combustão ). Lavoisier foi o primeiro a desenvolver e usar instrumentos de precisão para medir as alterações de peso de reagentes e produtos das reações. Até esse período, entre 1760 e 1780, cientificamente, nada estava ligado às qualidades atmosféricas — instrumentos científicos medidores dessas qualidades.

1788, já tendo sido descoberta a água sanitária de Javel e manufaturada pelo conde de Artois, foi uma descoberta importantíssima para a Medicina Sanitária. O farmaceutico Labarraque substituiu o clorato de cal pelo do cloro e assim consegue um potente desinfectante.

Quando da morte de Luís XVIII foi confirmado o sucesso de Labarraque. Pelo odor terrível, exalado do cadável do rei, foi preciso chamar o farmaceutico que embebeu um lençol em clorato de cloro. Os efeitos de tais descobertas acabaram por alterar procedimentos da engenharia de edificações: a exaustão e a invenção do ventilador de Van Hecke.

Portanto, a história do perfume está mais ligada à busca desesperada dos higienistas em encontrar a saúde do ar e à manipulação religiosa de acordo com os interesse políticos. A adequação dos horários para usar-se os perfumes, as colônias etc., podem ser compreendidos com imensa facilidade.

Os perfumes ( mais fortes, gordurosos, animais e vegetais ) à noite, hora da luxuria das mundanas.

As águas de colônias e toaletes florais — durante o dia, após o banho, no sentido da pureza e do frescor espiritual, da higiene corporal que desperta as fragrâncias sutis. Os cheiros de santidade das águas purificadoras que defendem a mulher de ceder à lascívia e à concupiscência.








11 comentários:

  1. Fábio,deve ser difícil mas preciso da sua ajuda para tentar descobrir um perfume. Não consegui identificar quem usava. Perfume, ao meu ver, de proposta noturna. Apesar de sentir notas cítricas. Senti um cheiro de menta. Fragancia muito exclusiva. Não acho comum. Um cheiro viciante. Projeção forte. Classudo e exclusivo. Não é doce, não senti que agride o ofato. Achei vibrante, te acorda. Caraca, não tenho o ofato para explicar. Abraço, Raul.

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  2. Raul, ou Guerlain Intense, Grey Vetiver ou Roadster, 1 Million e Le Male possuem menta mas são doces no fundo, caso o cara que usava tivesse acabado de passar o perfume, provavelmente possa ser o Le Male. Abraços

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  3. Obrigado, Fábio. Pensei no Le Male, porque a projeção era boa. Já senti o Le Male na loja, na minha memória ofativa ejo o Le Male mais intenso no tabaco. O fundo doce era mais ameno e menos tabaco. A menta junto com (acho que vertiver) sobressaíam. Mas muito bem equilibrado, ao mesmo tempo estigante. Não é perfume ue trabalha no básico, não achei exótico, talvez para otros possa ser. Sabe onde achar o Grey, Roadters e Guerlain no Rio?

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  4. Grey só em lojas virtuais, o Roadster e Guerlain no Shopping Leblon, tem uma loja que esqueci o nome, mas tem quase todas as marcas. Abraços

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  5. Raul, aconselho a testar novamente o Le Male, porque ele não possui tabaco e creio que ele seja o perfume que voce sentiu. O Roadster veio a minha mente na hora, só que ele tem menta na saída e depois de algum tempo (pouco tempo na minha pele) ela vai perdendo força e fica com um patchouli, vetiver e baunilha evidentes. Pela projeção pode ser o 1 Million tambem.

    Abraços, Leandro.

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  6. Lembrei agora de outro, o Individuel da Mont Blanc.

    Ass: Leandro

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  7. Vou testar. Obrigado. Mas esse Le Male é bem doce, não? Achei o perfume mais verde. Nunca tinha sentido algo parecido.

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  8. Para ter um idéia. Eu estava usando o Black XS no dia. Duas borrifadas apenas. Nem o meu perfume em senti. Tinham varios grupos ao lado, não sabia se era homem ou mulher usando. Meu Black na comparação era mais doce. Raul.

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  9. Não poderia ser o Hypnôse, da Lancome?

    Abraços,

    Sandro

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  10. Bem, não quero poluir ainda mais esse post, mas acho que preciso dar uma reposta aos que me ajudaram. Fui a 4 lojas. Testei várias fragrancias, inclusive as citadas por vcs. Le Male foi o primeiro teste. Descartei. Fundo muito forte e doce. Não me meteu plenamente ao perfume. Não sei se na pele é mais suave. O Individuel remeteu bem, mas e o Guerlain Homme foi mais. Achei os dois muito bons. A atendente não sabia dizer qual tinha melhor fixação. Acabei comprando o Guerlain por ter achado excelente, com uma menta bem gostosa e destacada. O Roadster não encontrei nas lojas. Meu único receio de comprar na hora foi em relação a fixação e projeção do Guerlain. Se não era o próprio Guerlain Homme, o perfume que senti era um da mesma linha ofativa com projeção bem forte. Aproveitei e fiz uns teste no Wood Rock Silver, muito bom também, porém mais gourmand. E quase levei um Lavin Sport. Nossa! Tive que fechar a mão para não comprar. Achei maravilhoso. Acho que será minha próxima compra. É isso. Obrigado, pela ajuda Leandro e Fabio. Valeu!

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  11. Tenho um Lanvin Sport só experimentado para vender, qualquer coisa contato inforo13@terra.com.br

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