Evolução da Indústria de Perfumaria

Em ordem cronológica e década após década, você pode acompanhar, como ocorreu a evolução da indústria de perfumaria e como e porque mudaram as preferências da humanidade com relação aos aromas:
1890 - Banho de Colônia
Mulheres sufocadas em espartilhos, perfumadas com aromas discretos e suaves. Foi o auge das fórmulas elaboradas com uma só flor e das águas de colônia frescas, em embalagens românticas. Até surgir Jicky, de Guerlain (1889), o maior frisson nas dondocas e dândis da época - era recomendado para as "ousadas e desportivas". De olho na burguesia, loucas por novidades, os laboratórios começam a processar aromas sintéticos que simulam os naturais e, pouco a pouco, os perfumes - até então caríssimos - se tornam mais acessíveis.
1900 - Cheiro de Moda
No início do século houve a primeira tentativa de colocar a arte de vender na perfumaria, assim como a união de moda e perfumes, porém, na hora de criar novos aromas, prevaleciam as idéias de luxo e sensualidade.
Caron, com seu Narcisse, evocava ternos desejos de conquistas, com suas notas quentes e doces e é neste momento que os perfumes começam a ser pensados e idealizados nos ateliês parisienses da "Haute Cotture".
1920 - Viva o Sintético
Ao som do charleston e na onda dos cortes de cabelo a la garconne, surge o imortal Chanel nº 5 com suas eternas notas de rosas, jasmim e aldeídeos, assim como os grandes clássicos que sobrevivem até os nossos dias. São os casos específicos de Arpège de Lanvin, Shalimar de Guerlain, dentre outros.
O conceito da perfumaria muda radicalmente, da fórmula ao rótulo. Com tal sucesso era de se esperar que esta obra de arte, em pouco tempo transformaria-se em "Produto de Mercado" - há um grande incremento na industrialização de frascos, embalagens e afins e, nasce a figura do designer (criador e pensador), juntamente com as agências de criação - voltadas ao desenvolvimento e principalmente à elaboração de verdadeiras "ODE" à perfumaria, reverenciando quase sempre ao "criador ou a criatura". Cada produto lançado é cercado de todo um significado; é criada uma fantasia com a finalidade de envolver e seduzir.
1930/1940 - Luxo Para Poucas
O perfume deixa de ser marca de personalidade e passa a explorar a influência que pode ter nos sentimentos. Em 1930 com a Europa em crise o estilista Jean Patou lança um antídoto para o pessimismo com Joy, a fragrância mais cara do mundo. Nessa época aparece o primeiro unissex, Le Sien, também de Patou. Se estabelece um vácuo no período de guerra onde toda a indústria química estava voltada aos armamentos bélicos.
Preços nas alturas, falta de matérias-primas - é a guerra. Como reagir? Com luxo, claro! Em 44 Marcel Rochas, o costureiro favorito das estrelas de Hollywood (Jean Harlow, Marlene Dietrich e Mae West, com seu espartilho de renda chantilly preta) lança o sensualíssimo Femme, um aroma "picante". Mas há espaço também para o romantismo: o mítico floral L'Air du Temps, de Nina Ricci, em frasco criado por Lalique - é considerado um dos cinco maiores sucessos da perfumaria. Outro clássico, Miss Dior, inspirado no New Look lançado por Christian Dior (1947), marca a volta ao luxo.
1950 - Anos Dourados
Nos anos 50, os chamados anos dourados, destacam-se os florais frescos como Dioríssimo, de Dior, com seu cheirinho inocente de lírio do vale. Só para contrariar essa onda, surge o primeiro grande perfume americano - Youth Dew, de Estèe Lauder, com o provocativo slogan "o mais sexy do mundo". Saias amplas, twin sets de banlon, meias soquete, mulheres comportadíssimas. Na Franca, a Lancôme contra ataca com o luxo: Magie vem num frasco com lantejoulas e o floral-frutal Trésor, em forma de um enorme diamante facetado.
Grandes conglomerados empresariais passam a desenvolver novas tecnologias químicas e pesquisas minuciosas com produtos sintéticos e/ou semi-sintéticos, agregados sempre a resinas e matérias primas naturais, oferecendo aos perfumistas a mais variada gama de misturas e purezas para a criação de novas fragrâncias e novas tendências.
1960 - A Década Revolucionária
Minissaia, o homem vai à Lua, os estudantes saem às ruas. Embalada pelo festival de Woodstock, uma nova cultura jovem determina o conceito. Com o movimento hippie, destacam-se os aromas a base de patchoully. Em contrapartida a burguesia só usa Y, de Yves Saint Laurent, um mix de frescor e suavidade. As vendas de Chanel nº5 (Ali Mac Grow e Catherine Deneuve como garotas propaganda) vão às alturas. Madame Rocha, Calèche, de Hermès e Calandre, de Paco Rabanne, arrasam no hit parade.
1970 - Tempos Modernos
Já nos tempos modernos quando a mulher conquista sua independência os frascos tomam formas mais geométricas, os perfumes são mais densos e agressivos e as campanhas de publicidade tornam-se mais reais como a de Rive Gauche, de Yves Saint Laurent, com mulheres nas ruas, vivas e imprevisíveis. Dona de seu corpo e de seu nariz, a mulher conquista de vez sua independência. Na época quem não usasse o provocante Opium, de Yves Saint Laurent, estava "por fora". Em 73, Estèe Lauder lança seu Private Collection ( o preferido da princesa Grace, de Mônaco). Outros sucessos: o suave e romântico Anais Anais (mix de flores de laranjeira, jasmim e rosas) de Cacharel, e First (Van Cleef & Arpels). Em 75, aparece o primeiro perfume prêt-à-porter, Chloé, num frasco de vidro jateado, inspirado nos anos 30.
1980 - Anos Yuppies
Nos anos Yuppies, com o culto ao corpo, onde o público feminino está voltado à beleza e ao poder, é o momento das fragrâncias fortes como Poison, Giorgio e Must de Cartier. Os frascos tem formas assimétricas e desestruturadas. Parfum de Peau, de Claude Montana(86), é uma "tatuagem olfativa" - o chipre, com almíscar, sândalo e patchouli "gruda"na pele. Mas adivinhe quem era o líder em vendas mundiais em 1985? Anais Anais.
1990 - New Age
É a vez de uma geração de estilistas irreverentes e isto se reflete no mundo dos perfumes como com o frasco-busto em forma de espartilho, de Jean Paul Gautier ou com o lançamento de Angel de Thierry Mugler, com um cheiro "guloso" de caramelo, mel e chocolate, embalado em um magnífico frasco estrela. A corrente da nova era traz um cheiro de ozônio. Escape, de Calvin Klein, Dune e Eden. Mas o hype dos anos 90 é, sem dúvida, CK One!
O desenvolvimento tecnológico chega aos nossos dias com fábricas totalmente robotizadas e, a partir de planejamentos técnicos extremamente precisos os artistas já encaminham suas idéias prontas - porém um grande perfume pode levar até 3 anos para o seu lançamento no mercado - mercê de todos os cuidados técnicos e tantas mudanças quanto à qualidade - um verdadeiro "industrianato".
Hoje as fragrâncias modernas copiam ao máximo a natureza, diferenciando notas originais de maneira diferente; é a chamada tecnologia "Living Flower", ou seja, aromas captados das flores ainda no pé.
Grande Fábio Condé!
ResponderExcluirParabéns pelo blog, excelente.
Tenho uma dúvida sobre tamanho dos perfumes. Qual tamanho você recomenda? Por exemplo, para o dia-a-dia 100ml dura quanto? Para uso casual ou para uma balada, seria melhor um de 50ml? Que tamanho você costuma comprar?
É isso, grande abraço!
Ivan.
Ivan, depende de quantos perfumes você tem, eu não sou referência, tenho 70, logo, compro os menores. Mas se vocês tiver uma para cada ocasião, vale ter os maiores frascos. Abraços
ResponderExcluirMuito bom, sempre quis saber esse paralelo ao longo das decadas em relação aos perfumes. Parabéns.
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