O casamento entre moda e perfumaria

O casamento entre moda e perfumaria teve início no final do século XIX, quando Guerlain assinou um perfume. Porém foi o Chanel Nº 5 o primeiro a trabalhar bem a publicidade; acabou tornando-se um mito.
A Maison Guerlain, com mais de 250 perfumes criados por vários membros da família, é responsável por duas obras-primas da perfumaria francesa: Mitsouko, de 1919, e Shalimar, de 1925, cuja composição relembra os aromas do Oriente, a base de benjoim, patchuli, incenso e opopânace.
Shalimar foi um marco nos loucos anos 20, ao lado do Chanel Nº 5. Criado em 1921, o Nº 5 (o próprio nome já era uma ousadia para a época) foi o primeiro perfume lançado por um criador de moda e não por um perfumista. Logo tornou-se clássica essa mistura de rosa de maio, jasmim de Grasse, muguet, aubépine e junquilho, potencializada pela utilização de aldeídos. Coco Chanel costumava dizer que "uma mulher que não se perfuma não tem futuro", tomando para si a frase cunhada pelo amigo poeta Paul Valéry.
Outra obra-prima dos perfumes desta época foi Arpège, de Jeanne Lanvin, criado em 1927: uma mistura de rosa-da-Bulgária, jasmim-de-Grasse, muguet selvagem, camélia e jacinto-azul.
Nos anos 30 foi criado o perfume que até hoje é considerado o mais caro da indústria francesa pelas proporções que usa de jasmim-de-Grasse e de rosas-da-Bulgária: o Joy, de Jean Patou, que em sua composição ainda exige muguet e ylang-ylang. O frasco foi desenhado em cristal Baccarat.
L'Air du Temps, de Nina Ricci (1948), e Miss Dior (1947), de Christian Dior, correspondem à euforia do pós-guerra.
L'Air du Temps, até hoje um dos perfumes mais vendidos em todo o mundo, tem sua composição estudada pelos alunos de perfumaria como um clássico de arquitetura floral. Trata-se de uma mistura de gardênias, sândalo, jasmim, ylang-ylang, cravo e rosa.
Na década de 50 os perfumes americanos fazem frente aos franceses, a partir de lançamentos como Youth-Dew, de Estée Lauder, em 1953. A década de 60 traz os aromas de patchuli e almíscar.
Nos anos 70 explode a indústria do perfume. A nova independência da mulher é traduzida por florais verdes como Charlie, da Revlon, enquanto a onda "disco" elege Halston, do estilista das celebridades, e Opium, de Yves Saint Laurent. As fragrâncias dos anos 80 refletem a problemática e o psiquismo de uma geração agressiva, ousada, sexy. Exemplos: Poison, de Dior, e Paris, de Saint Laurent.
Na década de 90 as fragrâncias mais sutis ganham espaço, com flores exóticas aliadas a notas frutais. Enquanto mais e mais perfumes são lançados, as mulheres se voltam também para os clássicos. Família e compromisso são os valores atuais, assim como a consciência ambiental. É ainda o momento da Aromacologia, com as fragrâncias aromaterápicas de efeito relaxante e anti-stress, além dos perfumes sem álcool, a exemplo do infantil Petits et Mamans, de Bulgari.
Vale destacar ainda Relaxing Fragrance, da Shiseido, uma mistura oriental de ervas como ginseng, flores como rosa-chá e especiarias como cardamomo. Outra novidade é a linha de tratamento para o corpo e o espírito lançada por Kenzo, que inclui o Thé de Beauté - um chá relaxante e revitalizante -, gel de banho e hidratante.
Mais uma ótima matéria, parabéns Fabio e Jeferson pelo alto nível cultural do blog. Moda e perfume tem realmente uma ligação muito forte.
ResponderExcluirEm uma visão bem mais simplista, toda essa questão da ligação da moda com a perfumaria é bem exposta no dia-a-dia de qualquer um. Parece que alguns perfumes foram criados não só para serem usados ou a noite ou no dia, ou mesmo em dias quentes ou dias frios, mas tb. de acordo com a roupa que se usa. Slate (Banana Republic), Solo (Loewe) e Terre D'Hermès (Hermès) são bons exemplos disso na minha opinião. Não os consigo usar nunca combinação bermuda/jeans e camiseta. Roger.
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